segunda-feira, 24 de março de 2014

O primeiro Senhor do Tempo




Como todos sabem, são três os grandes maestros da cronologia.

O Segundo é uma entidade imprevisível, confusa e no entanto, tremendamente influente. Rege a vida alheia tal qual um malabarista, seus movimentos, que de início parecem caóticos e aleatórios, terminam por se mostrar profundamente calculados e precisos.

O Terceiro Senhor é o de maior potencial, espera-se muito deste indivíduo. Havendo interesse, tem poder para mover mar e terra. Sendo que raramente o faz... Age apenas quando enxerga grande determinação em seus asseclas... E se os acha indolentes, nega-se a ter com eles.

Mas basta de devaneios! O assunto do dia não é nem Segundo, nem Terceiro. A entidade de hoje é ninguém menos que o Guardião do Arrependimento e das Glórias, o Passado.

De tudo isso, a verdadeira surpresa é sua simplicidade.

Ora, sendo ele Senhor do Tempo, jamais foi tocado pela pressa dos mortais. Caminha devagar com sua bengala, impassível, um pouco melancólico, mas sereno.

Um observador atento o verá a rastejar por dias. Lento, mas nunca frágil. E então... então some. Quiçá, benevolente, dar-te-á antes uma lembrança, uma carta. E assim nos ludibria a todos.

Moroso, vale-se da bengala para se locomover. Não há, no entanto, um só vivente capaz de acompanhar seu passo. Ao partir, não será jamais alcançado.

Felizes são os donos de cartas, pois convidam o Passado quando querem.

E ele os visita todas as vezes.

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