quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Tropecei em mim... e não era um espelho

Tempos atrás vivenciei este fantástico episódio, no dobrar de uma esquina, a caminho de casa. Eu ia apressado, sem tempo a perder. O motivo é que meu time ia jogar, ou minha namorada me esperava, ou eu tinha que pegar o banco aberto. Sei lá! Hoje em dia a gente corre, corre, corre, só depois é que procura saber pra onde.

Levava comigo uma daquelas algemas de pulso, um Casio, analógico, daqueles de ponteiro. Sem tempo à perder eu seguia e no passo acelerado trombo com um indivíduo que andava despreocupado pela rua. Um ''Presta atenção, seu babaca!'' percorreu minhas sinapses, mas consegui dizer com alguma educação - Dá licença. O rapaz à minha frente não se moveu. Com licença! - eu disse um pouco mais alto. Nada. Só aí nos olhamos. Veio o choque...

Eram meus olhos castanhos a me encarar. Meus olhos, meu rosto, eu completo. Fascinante!

Veja bem, olhei pra mim dos pés à cabeça e desta de novo aos pés. Conquanto havia um ar familiar foi só por pouco que me reconheci. Nada tinha de parecido com aquele rapaz com quem me encontro todos os dias depois do banho naquele espelho que a porta do guarda-roupa segura para mim.

Mas porque eu não me reconhecia? Bom, pensei, o espelho inverte os lados e até agora eu nunca tive esse privilégio de me observar assim, ao natural. Esquerda na esquerda e direita na direita. É isto, é esta a causa de meu estranhamento. Tem que ser.

Que nada! Num típico pensamento dos homens metódicos da atualidade, eu culpava as brincadeiras sem maldade da óptica pela minha incompetência em identificar-me.

A verdade é que meu cérebro tentava arduamente não se constranger com a real explicação. Eu, que me julgo tão sábio, eu, que há tanto tempo engulo e vomito o conhecimento que me empurram, que julgo entender e até ouso adivinhar os outros, não tinha tido a decência de tirar um tempo pra me conhecer.

Foi aquele proverbial balde de água fria. E o outro ‘eu’ fazia questão de apontar o lapso. Conhece-te a ti mesmo, ele sussurrava para mim, numa paráfrase do filósofo grego.

Conhece-te a ti mesmo...

Conhece-te... a ti.

Conhece-me!

***


Esse diálogo fantástico, que tão descaradamente ludibriava a lógica, enganou também o tempo, de modo que não posso dizer-lhes como, quando ou mesmo porque aconteceu comigo. Mas aconteceu. Juro por todos os perfumes da minha coleção.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Pa de buré

Um giro

Começa a esperada dança,
Dueto de passos firmes,
O ritmo se espalha,
Pulsa, como pulsa o coração.

Dois giros

Mergulho fundo em seus olhos,
Vejo força, vejo tensão.
Um sorriso involuntário,
Deleite, emoção.

Três giros

Segue o espiral veloz,
Vertigem, sensação, fusão.
Seu olhar preso no meu,
O mundo para. A gente segue.

Davi Khouri

sábado, 5 de novembro de 2011


"Ninguém pode ser feliz o tempo inteiro,
mas nada nos impede de manter o otimismo."


Davi Khouri

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Eu consigo!

"Ser forte não é ser impassível,
é ter a coragem de ser vulnerável.
"


Davi Khouri